Encarar a gravidez em outro país desperta momentos de angústia e questionamentos.  

Independente da bandeira local, acontece uma reviravolta nas emoções, nos hormônios, no corpo, nas prioridades, no tempo, na economia e personalidade dos pais.

Para quem mora fora vem ainda outras questões que fazem até os mais sossegados perderem noites de sono.

 

DIFICULDADES MAIS FREQUENTES:

 

O médico: É muito comum que no exterior o médico não seja sempre o mesmo nas consultas, como costuma ser no Brasil. E muitas vezes esta consulta não será com um obstetra, mas com a parteira, enfermeira ou clínico geral.

Ademais, certos exames que são obrigatórios no Brasil nem sempre são solicitados, como por exemplo o de toxoplasmose devido a baixa incidência da doença.

A frequência com que o ultrassom é pedido também é menor. Com isso, aquelas provas que os pais querem de tempos em tempos de que está tudo bem são mais escassas e haja coração para aguentar os 9 meses!

 

Descrever sintomas em outro idioma: Dá muito medo não conseguir expressar exatamente o que se está

acontecendo com o nosso corpo em outro idioma.

Detalhar sintomas já é difícil em português, em outra língua pode ser ainda mais tenso.

Do outro lado, o  da equipe médica, também fica a dúvida se a pessoa ou o casal está entendendo perfeitamente tudo o que está sendo transmitido.

É angustiante quando um médico duvida se você está entendendo e bate aquela sensação de que seremos tratado como café com leite, de que por desconfiar da profundidade da nossa compreensão pode ser que nem todas as informações sejam passadas com os detalhes que desejaríamos.

 

Costumes locais: Espera-se que a gente repita os costumes em que fomos criados, tanto na educação do futuro filho, como nos cuidados com ele. Entretanto, muitas vezes esses costumes podem entrar em conflito com aquilo que se prega no novo lugar.

Em alguns países por exemplo, não se deve banhar o bebê até cair o cordão umbilical. É visto como um risco para a saúde da criança molhar o umbigo nesse período.

Já no Brasil, logo que o bebê chega em casa damos banho para “tirar o cheiro de hospital” e testar o potencial de pais banhadores!

 

O parto: Cada país tem um perfil em relação à hora do parto. 

Uns são mais humanizados, muitos incentivam o parto normal, alguns são mais assépticos e outros são mais tendenciosos à cesariana.

E tudo isso influencia na apreensão que o casal vive, pois pode não coincidir com as convicções que essas pessoas têm sobre esse momento tão importante e que muitas vezes não será amparado como se desejaria pelo sistema de saúde daquele lugar.

 

POSSIBILIDADES DE COMO LIDAR COM AS DIFICULDADES:

 

Leis e direitos locais: buscar saber que direitos e deveres se tem em relação à gestação e aos primeiros meses de vida do filho pode trazer tranquilidade e apaziguar a sensação de estar num ambiente hostil. 

Estudar esse tema com antecedência certamente favorecerá as boas decisões e permitirá o uso dos benefícios a tempo.

Em alguns países paga-se um valor pré-natal à gestante para as despesas iniciais com o bebê, desde que iniciado o trâmite num determinado tempo de gestação.

Em outros, a pessoa que deseja acompanhar o parto precisa fazer um curso com antecedência para que permitam sua entrada no momento do nascimento.

Mas, tudo isso só será usufruído se o casal tomar as providências no prazo certo, por isso a importância de se informar.

 

Assumir alguns costumes locais:  Desde que não fira a identidade do casal, absorver o máximo possível dos costumes locais tende a tornar as coisas menos estressante.

É mais fácil obter ajuda quando não estamos nadando contra a maré o tempo todo.  

Além disso, é importante lembrar que o filho que está nascendo é metade natural desse lugar estrangeiro e desde pequeno estará sob as regras e cultura deste espaço.

Quando existe alguma bronca ou resistência à cultura local é comum que apareça maior dificuldade nessa família de integrar-se socialmente de maneira satisfatória e o rebento herdará isso.

 

Fortalecer os vínculos: Durante a gestação e primeiros anos de vida do filho, o casal precisará de apoio. Nessa fase o par fica sobrecarregado e cheio de inseguranças.

Será importante ter ao redor pessoas que já passaram por isso para normalizar um pouco as fantasias e compartilhar informações.

Estreitar os vínculos com a comunidade vizinha também pode ser uma boa ideia.

Para alguns pacientes que acompanhei, foi crucial ter amizade com o mercadinho, a farmácia ou a quitanda da esquina, que providenciavam o abastecimento com pouco esforço dos novos pais.

Além de evitar a saída de casa num dia de turbulência, também traz aquele quentinho no peito de quem se sente cuidado.

Receber um filho e assimilar uma nova cultura são emoções fortes, que vividas juntas muitas vezes podem estremecer as bases. Não há caminho pré-definido, só sugestões do que pode ajudar nesse momento tão sensível.

Se você passou por isso, conte aqui como foi ou está sendo seu processo. Muitas pessoas certamente se sentirão amparadas!

Neste PODCAST há mais sobre esse assunto! Uma convidada conta sua experiência sobre o nascimento de sua filha no exterior e discutimos o tema. Já neste episódio, outra convidada conta sua história com 3 filhos nascidos no exterior!

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