Realizar-se no trabalho vivendo no Exterior. Dá?

Depois que já nos ajeitamos fora do país e as necessidades básicas estão cobertas começamos a nos dar o direito de querer mais. Muitas vezes, esse querer mais é justamente buscar um trabalho que além de pagar as contas também nos realize profissionalmente.

 

Eu poderia dizer que é quase unânime, entre as pessoas que conheço, algum grau de insatisfação em relação aos primeiros trabalhos conseguidos no exterior.

 

No princípio não dominamos o idioma, a cultura, o funcionamento do lugar e muitas vezes nem temos todos os documentos validados no novo país, o que acaba nos levando a ocupar vagas que não eram as mais sonhadas. Claro, há suas exceções, mas se você assim como a maioria de nós, não pertence a esse pequeno grupo de sortudos, saberá do que eu estou falando.

 

Recomeço Profissional

 

Muita gente que saiu do Brasil estava insatisfeita com a atual profissão e ir morar fora foi uma excelente oportunidade para experimentar diversas atividades e redescobrir-se profissionalmente.

 

Outros já sabiam o que queriam no campo laboral, mas precisaram percorrer todos os passos básicos até poder se recolocar no papel profissional almejado.

 

Em ambos os casos, o percurso tende a ser muito parecido. Ao sair do país é necessário tomar um banho de humildade. Os cursos e empresas de nome importante no Brasil geralmente não representam nada fora dele e é preciso demonstrar suas capacidades outra e outra vez.

 

Não é fácil realizar atividades das quais não se gosta todos os dias, que na maioria das vezes são tarefas duras e que não costumam fazer uso das qualificações profissionais que se tem. A paciência e a persistência precisam ser praticadas cotidianamente para que seja possível acreditar que em um momento tudo poderá ser melhor.

Depois que as necessidades básicas estão cobertas começamos a querer mais: um trabalho que, além de pagar as contas, também nos realize profissionalmente.

 

Entender sua própria busca profissional

 

Algumas pessoas, depois de algum tempo realizando tarefas com as quais não se identificam, acabam perdendo de vista seus objetivos, o que contribui para aquela sensação de vida vazia de sentido e aí podem acabar voltando para o Brasil ou entrando em estados depressivos.

 

Passamos muitas horas trabalhando, por isso é crucial estarmos atentos ao que queremos, qual o motivo de nos dispormos a fazer algo diferente daquilo no qual nos especializamos ou gostávamos de fazer. Em outros casos é importante investigar e experimentar, para então descobrir o que se gosta de fazer.

 

Vale recordar que os primeiros trabalhos são só uma etapa no caminho escolhido ao ir morar fora. Não define, nem limita o seu potencial.

 

Preparar o terreno

 

Construir seu lugar num novo mercado de trabalho levará tempo, não há um entorno conhecido que facilite a inserção. Mas enquanto esse tempo transcorre você pode fazer muitas coisas para estar preparado e aproveitar a oportunidade quando ela surgir, como por exemplo:

 

  • Investir na ampliação de novas alianças. Faça amigos, colegas, vizinhos.  

 

  • Espalhar a notícia. Sempre que puder conte no que você gostaria de trabalhar, fale de suas aspirações e de suas experiências. Esse novo grupo de conhecidos pode ficar sabendo de algo e lembrar de você.

 

  • Adaptar-se ao novo país. Entenda o transporte, a economia, as leis, o linguajar, as idiossincrasias. Quanto maior sua desenvoltura na nova cultura, mais fácil será se aproximar de situações relacionadas às vagas que te interessam.

 

  • Entender seu nicho específico do mercado. Mesmo que falte muito tempo para que tenha as permissões legais necessárias para atuar no que deseja, esteja informado e atualizado sobre o funcionamento de seu ramo. Isso poderá ajudar a reconhecer oportunidades quando se deparar com uma.

 

  • Revalidar os estudos ou os documentos necessários para seguir estudando. Use, também, esse período inicial para preparar a parte burocrática da profissão que você quer exercer.

 

  • Seguir buscando seu lugar ao sol. Não desanime com a velocidade que o encontro profissional pode levar para acontecer. Se desanimar, permita que seja somente pelo tempo suficiente de recalcular a rota e seguir mais um pouco.

 

E para você, foi fácil? Conte para mim como foi seu começo laboral fora do país!

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6 Responses

  1. Me identifiquei em cada linha!
    Ainda estou na parte de trabalhos informais e trabalho burocrático. Importante mesmo é saber aonde queremos chegar e o que nos torna realizados. Parabéns pelo texto!

  2. Excelente texto! Para mim não tem sido nada fácil…embora eu tenha a sorte de estar em um país que a língua também seja a portuguesa (Portugal), confesso que encontrar um novo trabalho tem sido tarefa árdua. Não que eu seja prepotente, mas hoje com um pouco mais de idade não me disponho a todo e qualquer tipo de trabalho. Já tive a experiência de morar em outro país (Austrália) por dois anos e lá fiz quase de tudo um pouco. No entanto hoje e no país que estou, fazer atividades que nada têm haver com os meus objetivos e que não me preencham pessoalmente, profissionalmente e tão pouco financeiramente está longe das minhas expectativas e certamente é um dos pontos que me levaria voltar ao Brasil. Ainda vou insistir um pouco mais por aqui, principalmente porque o cenário brasileiro está bem complicado, mas não deixa de ser uma hipótese a se pensar…

    1. Denise, esse momento que você está vivendo é super delicado e muitas vezes as saídas possíveis estão muito longe do ideal. Espero que possa persistir e ir encaixando a realidade apresentada com suas necessidades. Um abraço

  3. Parabéns pelo texto,
    Em qualquer lugar do mundo, trabalhar numa área que não exige qualificação é delicado , porém no Brasil existe muito preconceito, muito devido ao histórico de escravidão , exploração colonial e influência Norte americana . Porém é necessário pensar que todos os trabalhos são importantes para o equilíbrio da economia e bem estar da sociedade.
    Vivi dois anos em Londres , estudando e atendendo numa cafeteria . Não me sentia inferiorizado .
    No Brasil tive excelentes trabalhos por seis anos . Tampouco tive uma enorme valorização pessoal.
    O ideal é buscar um ritmo interno que te faça aprender algo novo sempre, independente do trabalho. Pois sempre é em qualquer escolha profissional existirão ônus e bônus !

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